Sendo o amor uma necessidade psíquica, sem o exercício dessa ordem de vínculos
uma mente não pode se desenvolver. No entanto, apesar de o amor ser fundamental
para o desenvolvimento saudável da mente, amar alguém não pode coincidir com
depender desse alguém, pois se assim for estamos falando de um modelo de
funcionamento primitivo do amor infantil. Logo, poderíamos afirmar que se a
proposta aqui é uma visão saudável e amadurecida das experiências emocionais
então a necessidade real deve estar representada na ação de amar e não
concentrada no objeto amado.
Se isso é fato, então aquele que teve a oportunidade de se preparar para
essa experiência, deve ter maio chance de ser bem sucedido em sua realização. Quero
sugerir que a possibilidade que uma criança possa ter de viver experiências
amorosas dentro do âmbito familiar (lugar seguro) é de fundamental importância
no que diz respeito às experiências futuras, que serão vividas no ambiente para
além dessa esfera de convívio.
Parece ser muito improvável que possamos encontrar um amor verdadeiro
sem que venhamos cultivando esse sonho, de forma cuidadosa anteriormente. Isso
porque, parece ser fundamental que exista a preparação interna de um espaço
para receber o outro, antes mesmo de o outro efetivamente chegar.
Não me parece possível encontrar um amor se estivermos pré-ocupados de
mais com outras demandas. Enquanto pré-enchidos de “coisas” passa a ser
improvável que o amor encontre lugar em nossa vida.
Entretanto, só desejar um amor não garante a capacidade de dar manutenção
para um vínculo dessa espécie. Muitas vezes, o sujeito pode passar muito tempo
voltado para a conquista material e só se dar conta da necessidade de encontrar
um amor verdadeiro e durável, em ocasiões isoladas. Dessa forma, passa a
entender o amor também como uma aquisição material, da qual ele encontrará um
dia, e o possuirá como um bem adquirido. Mas apesar disso, ainda estamos
falamos de algo na dimensão do construir. E construir junto do outro; passo a
passo.
Parece claro então que, só aprontar um ambiente interno que possa
acolher esse amor, também não deve ser o suficiente. Há ainda que se desenvolva
certa faculdade que permita reconhecer no outro, ao mesmo tempo, a
disponibilidade para se dedicar ao amor. Reconhecer no outro, capacidades votadas
para o cultivo dessa ordem tão nobre das experiências emocionais. Perceber no
outro, assim como no eu, se existe um projeto de vida onde a expectativa inclua
dividir o tesouro de sua existência com outro alguém. Se nele existe um terreno
fértil para um vínculo saudável. Se existe nesse outro, que se encontrou, a
tolerância para enfrentar as dificuldades na tarefa de se construir um amor
verdadeiro e se isso faz realmente parte dos seus projetos.
Em um primeiro olhar pode parecer que essas características referentes à
capacidade de amar no outro, estejam extremamente ocultas, entretanto o que
dificulta realmente essa percepção está muito mais na incapacidade de perceber
e reconhecer a realidade, por conta do comodismo em se manter sob a influência
de ilusões que proporcionam sentimentos prazerosos. Porém, conforme o sujeito
capacita-se em tolerar frustrações e assim se qualifica na tarefa do
reconhecimento da realidade, essas características no outro, ficam muito
evidentes.
Além do mais, é muito importante que se possa ser capaz de desistir
desse outro se as tentativas de reconhecimento dessas capacidades nele forem
estéreis. Isso, pois, ser capaz de amar o outro é sempre precedido pela
capacidade de amar a si mesmo. Insistir em amar aquele que não tem essa
capacidade, enfraquece o eu, pois desvaloriza o amor próprio. A tarefa de
construir um amor verdadeiro não é de forma alguma uma empreitada simples ou
fácil.
--
Prof. Renato Dias Martino
Psicoterapeuta e Escritor
São José Do Rio Preto - SP
Fone: 17991910375
renatodiasmartino@hotmail.com
http://pensar-seasi-mesmo.blogspot.com
Psicoterapeuta e Escritor
São José Do Rio Preto - SP
Fone: 17991910375
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5 comentários:
Sensacional! Devemos nos preparar mesmo e as frustrações acontecem. Vai saber, uns encontram e outros permanecem na eterna procura! Fato...
Perfeita explanação do prof. Renato! !! Parabéns prof! !!!
"Ser capaz de amar o outro e sempre precedido da capacidade de amar a si mesmo", esta deveria ser a regra baisica para todo relacionamento.
"Ser capaz de amar o outro e sempre precedido da capacidade de amar a si mesmo", esta deveria ser a regra baisica para todo relacionamento.
Perfeito 👏🏻👏🏻 Parabéns professor 🥰🥰
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