É a questão do desejo e da necessidade. Quando a gente está
falando de desejo, nunca vai haver um contentamento real. Porque o desejo,
quando é satisfeito ele automaticamente gera outro desejo. Um sujeito que está
focado no desejo, é um sujeito ansioso, é um sujeito insatisfeito. Este desejo
sempre vai estar caracterizado em objetos superficiais, objetos que realmente
não tem uma necessidade de ser conseguido. O sujeito, quando está dando
manutenção para o seu processo emocional e afetivo, ele é capaz de renunciar
aos desejos. Não existe desejo que o sujeito não seja capaz de renunciar, quando
ele está dando manutenção para o seu funcionamento emocional-afetivo. Agora,
quando o sujeito não está dando manutenção, quando está ali, de alguma forma,
inundado de questões mal elaboradas, impensadas, ele acaba cristalizando isso
num desejo e ele precisa realizar esse desejo a qualquer custo e ele não consegue
renunciar isso. E aí, isso vai gerando uma ansiedade enorme e quando ele não
consegue, definitivamente aquilo ali, ele cai numa angústia danada, como se
fosse um fracassado, porque ele não conseguiu obter aquele objeto de desejo que
na realidade não faria qualquer diferença real no funcionamento da sua vida e
muitas vezes viria até para prejudica-lo. Aquele desejo vai trazer para ele,
uma série de percalços, uma série de prejuízos e na realidade se ele fosse
capaz de renunciar a aquilo, ele teria um benefício muito maior do que
conseguir aquilo. Mas como ele não conseguiu, ele atribui a ele, um fracasso.
Mas, na realidade, o sucesso foi justamente não conseguir aquilo. É quando o
paciente está tão imbuído nessa questão de obter o objeto de desejo, que ele
seduz o psicanalista para que o psicanalista comece a trazer para ele, soluções
para que ele consiga este objeto de desejo. Quando na verdade, o papel do
analista é justamente trazer a possibilidade de pensar formas de ser capaz de
renunciar a aquele desejo, porque aquilo, na verdade, não vai ser saudável para
ele.
segunda-feira, 21 de agosto de 2023
DESEJO, NECESSIDADE E RENÚNCIA – Prof. Renato Dias Martino
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