domingo, 19 de maio de 2024

FUTURO E DESEJO - Prof. Renato Dias Martino


FUTURO E DESEJO

Quando a gente fala de futuro, daquilo que está por vir, isso está relacionado, diretamente ao desejo, a expectativa. Aquilo que se deseja que venha e quanto isso passa a ser nocivo dentro da prática clínica. Não só dentro da prática clínica na psicoterapia, mas na nossa vida cotidiana mesmo. Todas as vezes que a gente alimenta, que a gente estimula a expectativa sobre aquilo que virá, a gente vai, de alguma forma, se desconectar daquilo que está sendo. Dentro da prática clínica isso passa a ser um sacrilégio, mas dentro da nossa vida cotidiana, todas as vezes que estamos estimulando as expectativas, estamos nos desconectando do tempo presente e não estamos sendo capazes de viver as experiências do tempo presente. O problema não é criar expectativas, as expectativas vão surgir, vão ser criadas espontaneamente. Naturalmente, as expectativas vão se criar. O Bion até coloca que o bebê nasce com uma expectativa inata de seio. Não existe a possibilidade de não criar expectativas, mas existe a possibilidade e carecemos de renunciá-las. 

RENÚNCIA 

Para que o sujeito seja capaz de renunciar de um desejo, ele precisa primeiro reconhecer que ele deseja. Muitas vezes, ele não consegue, sequer reconhecer que ele deseja alguma coisa. E aí, ele se defende por desejar aquilo, ele se defende daquele desejo, e aí, ele se afasta cada vez mais da possibilidade de elaboração. Reconhecer esse desejo, passar a respeitar a si mesmo porque tem este desejo e se responsabilizar por desejar isso. A partir desses três “Rs”, ele passa a ser capaz de um quarto “R”, que é a renúncia.

SINTOMA

O desejo vai acontecer. A tendência a expectativa é inata do ser humano. Ele vai desenvolver desejos. No entanto, o desejo, para ser saudável, ele precisa ser renunciável. O desejo saudável é aquele que o sujeito consegue renunciar. Se ele conseguir renunciar esse desejo é saudável. Se ele não conseguir renunciar, esse desejo é um sintoma.




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