quinta-feira, 8 de agosto de 2024

INVESTIGAR O PASSADO OU PERMITIR O NOVO - Prof. Renato Dias Martino



INVESTIGAR

Apesar desta palavra investigação estar amiúde, nas literaturas psicanalíticas de pensadores consagrados como Freud, Melaine Klein e outros usarem a palavra investigação, não é função de um psicanalista real investigar. Nós precisamos estar abertos para acolher aquilo que o paciente trouxer. A investigação precisa ficar para os investigadores, para a polícia, para qualquer outro profissional, mas o psicanalista não pode se prestar a investigar a vida do paciente. Ele precisa estar aberto para refletir sobre os conteúdos que o paciente trouxer. A investigação abre um campo persecutório, abre um campo onde a perseguição se instala.

O NOVO

Qual é a origem da repetição de padrões na vida do sujeito? Por que que o sujeito remonta o passado constantemente, seja pela lembrança ou seja pelas ações? Porque ele não conseguiu ainda, viver experiências novas que pudessem trazer para ele reparações para que ele pudesse desobstruir o caminho e seguir o fluxo da vida. Na medida em que ele vive experiências saudáveis, isso vai propiciando para ele possibilidades de reparações nesse funcionamento para desobstruir e ele possa continuar a sua vida com experiências novas. A questão não é investigar a vida do paciente para ver por que aquilo está se repetindo, mas é propiciar experiências novas. Essas experiências que vão trazer para ele a possibilidade de se ocupar com o presente, trazer para ele a possibilidade de deixar de se preocupar com o futuro e de remontar o passado através de lembranças dolorosas.

O LUTO E O NOVO

O luto é justamente isso: ser capaz de deixar passar. Ser capaz de permitir que a coisa passe. É passar pela coisa para que a coisa passe. Isso é elaborar o processo do luto. Isso é sofrer o processo do luto. Quando eu tento investigar a vida do sujeito, eu não estou permitindo que o fluxo aconteça e eu acabo não conseguindo aprender com a experiência, porque eu fico preso no passado. Ancorado naquilo que passou.



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