segunda-feira, 9 de dezembro de 2024

SOBRE O CONHECIMENTO E A PRÁTICA CLÍNICA DA PSICANÁLISE - Prof. Renato ...



INTELIGÊNCIA 

O conhecimento é inútil e muitas vezes perigoso nas mãos do imaturo. Então, quando a gente fala de conhecimento, nós não estamos falando de maturidade emocional. O conhecimento não está subordinado à maturidade emocional e a maturidade emocional também não está subordinada ao conhecimento. Ser inteligente não garante a sua maturidade emocional. A maturidade emocional se desenvolve paralelamente a capacidade intelectual. Uma coisa não tem nada a ver com a outra. Por mais que nós tenhamos aí, pensadores que tentam aproximar uma coisa da outra, falando até de “inteligência emocional”, a maturidade emocional, a capacidade emocional, que se desdobra na capacidade afetiva, nada tem a ver com o âmbito intelectual, ou a capacidade de armazenar, acumular conhecimento e articular estes esses conhecimentos. Um sujeito muito inteligente pode ser muito pouco maduro emocionalmente.

IGNORÂNCIA

A maturidade emocional inclui a capacidade de tolerar a sua própria ignorância. Tolerar o não saber, tolerar que não sabe das coisas, logo, passa a estar aberto a aprender. Diferente de um sujeito intelectual, ou inteligente, que já sabe tudo e que não tem muita coisa a aprender. Quando a gente fala de ignorância, nós estamos falando da condição do ser humano. O ser humano tem a condição da ignorância. Por mais que ele é dito um sujeito cognoscente, ainda assim, ele é um grande ignorante da realidade como um todo. Ele pode até saber algumas coisas, mas essas coisas são pedaços e não o todo. O todo está fora da sua capacidade de conhecimento. Quando o sujeito é capaz de reconhecer a sua própria ignorância, ele está pronto a aprender. Quando ele não é capaz de reconhecer a sua ignorância e age como se ele soubesse, ele passa a agir com estupidez. Agir com estupidez é ignorar a própria ignorância.

DESCONFORTO

Para que você possa aprender com a experiência, você precisa reconhecer a sua ignorância e isso é desconfortável. Principalmente, se você não está confiando naquilo que você está sendo e o que comanda a sua vida é aquilo que você deveria ser, então, se aquilo que está regendo a sua vida é aquilo que você deveria ser, você não consegue aprender com a experiência. Porque existe sempre um pressuposto daquilo que você deveria ser e aquilo que você deveria ser é alguma coisa muito nobre, muito bonita, muito cheia de perfeições e aí não tem como aprender com a experiência. Porque, na experiência será revelada a sua limitação a sua ignorância logo a possibilidade de aprender.

CONFORMADO 

Aquele sujeito que até reconhece a sua ignorância, mas está conformado com isso. E esta conformação vai levá-lo a caminhos perigosos. Por exemplo, passar a estar subordinado a outras pessoas, subordinado a instituições. Religiosas, políticas, governamentais... Então, ele conforma com a sua ignorância e passa a ser um dependente do outro. Onde o outro vai dizer para ele para onde ele tem que ir. Tão nocivo quanto o sujeito que é ignorante da sua própria ignorância, logo acredita que sabe, é aquele que é consciente da sua ignorância, mas está conformado com isso.

DEFESA

A tentativa de conhecer é o primeiro recurso que o sujeito lança a mão quando ele não consegue amar. Quando ele não é capaz de reconhecer, de respeitar e se responsabilizar, ele tenta entender. O respeito não está subordinado ao entendimento. Se você tiver que entender primeiro para depois respeitar, você já faltou com o respeito. Conhecer é uma defesa. Quando eu sou capaz de acolher meu paciente, eu não preciso ficar tentando entender. Eu simplesmente propicio um ambiente para que ele possa trazer tudo aquilo que está doendo independente que eu entenda aquilo ali.

INSEGURANÇA

O conhecimento é um desdobramento de uma experiência. A epistemofilia vai acontecer, ou seja, o sujeito vai, de maneira inata ter esse ímpeto, esse impulso de vir a conhecer. É um impulso de exploração, de conhecimento e a gente já conversou sobre isso. O Freud vai falar que está dentro da perspectiva da sexualidade, depois a Melanie Klein vai falar que essa epistemofílico está ligada a explorar o corpo na mãe. A tendencia a buscar conhecer é inata, mas é inata como uma possibilidade de se defender.  A epistemofilia vai ser provocada pela insegurança. Eu me sinto inseguro, então, eu busco saber por que estou me sentindo inseguro. Enquanto eu estiver seguro, eu não busco saber. Enquanto eu estiver acreditando em mim mesmo, eu não vou buscar conhecer. Não me interessa conhecer. O conhecimento advém da insegurança.

DISPUTA 

Hoje, com o advento das redes sociais, a gente tem essa chance de observar e muitas vezes até se ver envolvido em debates infecundos, que não vão dar em nada, onde um quer saber mais que o outro. E aí, cada um vai angariar argumentos e provas para contestar a ideia do outro. Tudo em nome de ser o campeão na disputa de quem tem a razão.

INFORMAÇÕES INÚTEIS

ENEM, ENADE, todos esses testes, todas essas provas que são aplicadas nos jovens, são falácias, inúteis. Ele não aprendeu aquilo, ele decorou aquilo e decorar um conteúdo frio e sem qualquer afeto é nocivo para o funcionamento emocional. Intoxica a mente. Ele vai decorar fórmulas químicas, ele vai decorar equações matemáticas, ele vai decorar inúmeras informações que vão ser inúteis para o resto da vida dele. Ele nunca mais vai usar esse monte de porcaria e ao mesmo tempo ele não vai ser capaz de trocar um botijão de gás quando for necessário. Ele não consegue desenvolver as coisas que vão ser úteis para ele e ao mesmo tempo ele está entulhado de informações inúteis.

APRENDENDO

Um paciente o procura, ele como analista, e diz assim: “Olha, eu preciso de atendimento porque eu estou com problema alimentar, estou compulsivo na minha alimentação, estou comendo demais”. Então, ele adianta isso aí, ali na mensagem. Ele marca o horário com o analista e a partir dali o analista começa a ler livros e artigos a respeito de compulsão alimentar. Não! Você não vai receber uma compulsão alimentar, você vai receber um ser humano que sofre. Você vai receber um ser humano que está desnutrido afetivamente e por conta disso não está funcionando emocionalmente adequadamente. Ele não está nesses artigos que você está procurando. Ele não está em nenhum livro que você vai ler. Você precisa aprender com ele o que é que está acometendo esse sujeito.

ACOLHER

Esse tipo de atitude é muito mais difícil. Não é para qualquer um. É muito mais fácil você se afundar na leitura e se tornar especialista em compulsão alimentar e colocar uma placa na frente do seu consultório: “especialista em compulsão alimentar”. Você sabe tudo sobre isso. Você é doutor em compulsão alimentar. Você é mestre em compulsão alimentar. Só que, quem vai te procurar não é uma compulsão alimentar é um ser humano, é uma pessoa que está em dor e que a compulsão alimentar é apenas uma característica desta dor. E diga-se de passagem, a característica mais superficial desta dor. E indo para além, a dor que está gerando a compulsão alimentar, você não pode conhecer e nem o seu paciente. Você pode acolher. Você pode, junto com o seu paciente, desenvolver recursos para tolerar esta dor. Para conviver com esta dor. Para lidar com esta dor e através disso, pode ser até que essa dor possa ir se amenizando, mas isso também não é promessa.

INTEGRAÇÃO

Um paciente me trazendo a seguinte queixa: “eu estou fumando demais e eu tenho me preocupado com isso”. E eu digo para ele: “vamos continuar o nosso processo de integração”. “Esta integração vai trazer para você um desinteresse em relação ao ato de fumar”. É a integração que traz a possibilidade de se desinteressar daquilo que não é fundamental, não é o contrário. Não é abandonar ou se afastar daquilo que não é fundamental, ou aquilo que é tóxico que vai trazer a integração. O processo de psicoterapia traz a reparação emocional para que haja a integração da personalidade e nesta integração da personalidade o sujeito vai se afastando da aquilo que é nocivo para ele, ou daquilo que não é fundamental para que ele viva.

CONHECIMENTO NA CLÍNICA

O conhecimento não entra na clínica. O conhecimento precisa estar fora da clínica. O conhecimento precisa estar no grupo de estudo. Na clínica é o acolhimento. Na clínica é abrir mão do conhecimento. É ser capaz de rebaixar ao máximo tudo aquilo que você sabe. Se o conhecimento estiver entrando na clínica ele precisa ser somente alegórico. O que é alegórico? Eu vou até explicar para o paciente: “Olha, seria interessante que você reconhecesse, aprendesse a respeitar e se responsabilizasse”. Isso é teórico. Isso é um conhecimento, mas eu não estou pretendendo que, com esta minha fala alguma coisa seja mobilizada no paciente, mas a minha atitude de dar atenção ao meu paciente e mobilizar alguma argumentação para estar junto dele, que mobiliza a desobstrução para a transformação. Eu poderia ter recitado um Fernando Pessoa, eu poderia ter cantado o Renato Russo, eu poderia ter falado sobre a teoria do Heisenberg, dentro da física quântica... Não é isto! Mas é o ato de estar disposto a prestar atenção junto com o paciente. Este foi o grande avanço que o Freud trouxe. O Freud se dispôs a ouvir as histéricas que os médicos estavam chamando de frescura. Ele se dispôs a estar com estas mulheres. Ele se dispôs a ouvir aquele que a classe médica estava menosprezando, porque não encontrava indício fisiológico da origem daquilo que o paciente estava sofrendo.

I.A.

A inteligência artificial está chegando para fazer uma revolução muito importante na humanidade. Para revelar realmente o que é importante. O que é verdadeiramente importante. O que é verdadeiramente impossível ser feito por máquina. Todas as outras coisas vão poder ser feitas pela Inteligência Artificial, menos o essencial e a psicanálise é uma dessas coisas. Quando a gente fala de psicanálise, nós não estamos falando aqui do analista dizer pro paciente alguma coisa que possa intervir na transformação, ou possa promover uma transformação, nós estamos falando aqui de um vínculo que se estabelece e pode trazer a possibilidade de experiências emocionais e afetivas reparadoras. Não existe a possibilidade de viver experiências emocionais reparadoras com uma máquina. Não há como aprender a amar com uma máquina. Não há como aprender a amar a si mesmo com uma máquina.

O FALO DO SABER

Grande parte dos sujeitos que se interessam pela psicanálise, se interessam porque parece que o psicanalista é aquele cara que sabe muito, que é muito inteligente. Nossa como você é inteligente! Vi um vídeo seu na internet, como você é inteligente! E aí, o sujeito fica “faludo”, né? Não meu amiguinho! Não é isso! Mas grande parte dos sujeitos que se interessam pela psicanálise, se interessam porque aquilo traz um falo poderoso para se exibir, para falar nos podcasts. Coitado do paciente dessas pessoas.

PSICANÁLISE REAL

Por mais que o Freud tenha analisado obras de autores, inclusive já falecidos como Leonardo da Vinci, como o caso do Schreber, como a Gradiva de Jensen. Ele estudou obras e analisou as obras. Isso é uma grande dedução. Porque a psicanálise real é aquela que acontece onde duas pessoas estão de acordo com o processo. Onde o analista e o paciente estão de acordo com aquilo que vai acontecer. Uma análise real é aquela que acontece com um paciente que está disponível a esta análise. Disponível e presente. Então, esta coisa que a gente vê por aí, de ficar analisando pessoas ausentes, ou que estão ali, dentro de notícias bombásticas, no quadro político, religioso, sei lá qual quadro. Muitas vezes, o sujeito diagnosticando pessoas, personagens aí, de notícia, isso não é psicanálise. A psicanálise não pode se prestar a isso. Isso aí está no nível intelectual e a psicanálise não está dentro deste nível. A psicanálise se presta a um processo emocional. Primeiro precisa ser estabelecido um vínculo para, depois disso, começar a algum tipo de análise. Antes disso é impossível. Sem um vínculo saudável, tudo que sai dali é duvidoso. O próprio Freud, depois, veio falar da transferência. Sem que tenha havido uma transferência entre paciente e analista, tudo é duvidoso. A análise só pode acontecer dentro da transferência e quando ele fala isso daí, ele está dando o primeiro passo para dizer para gente que é só a partir do vínculo estabelecido. Depois o Bion vai falar que o primeiro elemento de psicanálise é a conjunção constante do continente e contido. Então, se não houver esta conjunção constante entre algo que esteja disponível a ser acolhido e algo que esteja pronto a acolher nada pode acontecer de verdadeiro.

ESPECIALISTA 

Quando a gente fala de psicanálise, pelo menos dentro desse modelo aqui, a gente precisa tomar muito cuidado com esta coisa de especialista em uma coisa ou especialista em outra coisa. Psicanalista é aquele que recebe o que vier, independente da especialidade. O psicanalista real acolhe uma pessoa, não uma patologia. Ele acolhe um ser humano e não o que está cometendo esse ser humano. A especialidade vem através de um estudo teórico e o analista não vai se basear em estudos teóricos. Ele vai se basear, ele vai se sustentar, ele vai se apoiar no seu preparo emocional e afetivo. Nós estamos tratando de maturidade emocional. Nós não estamos falando de especialidade teórica, porque quando você se especializa em alguma coisa, das duas uma: ou você vai obrigar o seu paciente a estar dentro da sua especialidade, ou você vai simplesmente dizer: “isso aí eu não atendo”.

QUEIXA INICIAL

A experiência mostra que muitas vezes, a queixa inicial do paciente é trazida somente na primeira sessão. Porque, na verdade, aquilo ali era apenas a casca de alguma coisa muito mais profunda. Quando o analista está sendo acolhedor, ele recebe o paciente, o paciente começa a perceber e começa a ter coragem de mexer nisso tudo. E aí, se você é especialista em alguma coisa, você tende a ficar naquela coisa que o paciente trouxe, insistindo naquilo.

DISPONIBILIDADE

Agora, vou dizer para vocês qual é a minha especialidade. Eu sou especialista. Eu sou especialista em tratar pacientes que estejam disponíveis para a análise, que estejam abertos a isso, que estejam predispostos ao processo psicoterapêutico. Eu sou especialista nisso. Aí, ele pode vir com o rótulo de autista, de caolho, seborreia no couro cabeludo, hemorroida... Tudo bem! Não tem problema. Eu recebo essa pessoa com todo o carinho, se esta pessoa estiver predisposta ao processo psicoterapêutico. Essa é a minha especialidade. Agora, se o sujeito não estiver predisposto, eu não tenho muito o que fazer. Se ele veio porque a irmã dele disse que ele tem que vir, eu não tenho o que fazer. Você atende online, ou você atende presencial? Sim! Qual é o valor da sessão? É tanto. Ah! Mas não é para mim não, é pro meu marido. Então, ele tem que entrar em contato comigo. Ah! É para o meu filho. Quantos anos ele tem? 25 anos. Pois é, é ele que tem que me procurar.

QUERER

A gente usa essa ideia de “eu não quero”, “eu não vou numa reunião social porque eu não quero” e tudo bem eu não querer. A questão não é que eu não quero, é que eu não dou conta, é que passa do meu limite, agride a minha intimidade. Então, eu não vou! Se eu falo: “eu não quero”, fica parecendo que eu poderia querer. Que é por conta de alguma coisa e eu decidi não ir, eu escolhi não ir. Não! Não escolhi! Esse tipo de reunião não me faz sentido, porque atenta contra a minha intimidade emocional. Então, eu não vou e tudo bem, você pode ir.

QUERER NÃO É PODER

Não adianta só o paciente querer fazer psicoterapia, ele precisa estar preparado, ele precisa estar predisposto, ele precisa estar no tempo de se dedicar à psicoterapia. Muitas vezes ele até deseja, muitas vezes ele até quer, mas não é o suficiente. A psicanálise nos ensina que querer não é poder. O querer está aquém da possibilidade real das coisas acontecerem. Precisa haver um ponto de desenvolvimento para que a psicoterapia possa trazer algum benefício para esse sujeito, alguma expansão.

DESEJA PELO OUTRO

Você vê a sua agenda cheia de pessoas que não veem sentido em fazer terapia. E aí, o que é que acontece? Você começa a tentar convencer o outro. Aí você deseja fazer terapia pelo outro. E aí você não sabe por que no final do dia você está exausto. Porque você passou o dia inteiro tentando convencer o outro que ele tem que isso, que ele tem que aquilo, que não sei o que mais... Isso não é função do psicoterapeuta, não é função do psicanalista.

CONVENCER 

Não é função do psicanalista convencer ninguém de nada. O convencimento não é função da psicanálise. E vou mais longe, se o paciente começa a questionar muito: Ah! eu não sei muito bem o que dizer... Aí eu já pergunto para ele: será que ainda está fazendo sentido vir aqui, porque você não tem que vir aqui. Ah! mas meu irmão falou que que eu tenho... Pois é, então, se teu irmão falou que você tem que vir, muito provavelmente, é ele que está precisando mais de terapia do que você. Porque você está se virando com os mecanismos de defesa aí, com a tua forma de viver. Ele não! Ele está se queixando.

O MEDO É FILHO DO DESEJO

Quando o sujeito está atendendo pessoas que não estão disponíveis a serem atendidas, ele passa a desejar pelo paciente. “Ah! Mas eu tenho que pagar meu aluguel!” “Ah! Mas eu tenho que pagar minhas contas e se o paciente parar eu não vou ter dinheiro para fazer isso.” Então, você ainda não está pronto para ter uma clínica de psicanálise. Eu tenho medo que o paciente pare e aí eu começo a insistir que o paciente precisa continuar e eu começo a desejar pelo paciente. O medo é filho do desejo.

REPETIR

O paciente que precisa ser lembrado da sessão um dia antes, ou no dia da sessão é porque, na realidade, ele ainda está naquele modelo da mãe falar: “Fulano, vai tomar banho!” “Fulano, vai jantar!” “Fulano, já escovou os dentes?” E aí, você entra na vida dele e repete esse modelo.

COMPULSÃO ALIMENTAR

Quando a gente fala de compulsão alimentar a gente está falando de uma carência. Eu não posso propor para o meu paciente que ele pare de comer. Eu não posso propor para o meu paciente tarefas para que ele possa se defender daquilo que já é uma defesa. Então, nós precisamos tratar alguma coisa que está mais profundo, que está gerando esta compulsão alimentar. Podem ser inúmeros fatores. Desde o mais superficial que é a exigência dos pais, ou exigência social, que na realidade tem a ver muito mais com a autoexigência, até uma tentativa de substituir o amor que ele não conseguiu pelo prazer de comer. Então, não adianta desviar do restaurante.


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